Ao consumo de produtos da pesca são atribuídos inúmeros benefícios nutricionais.
Assim, estes produtos são ricos em proteínas de elevado valor biológico e
lípidos constituídos por ácidos gordos polinsaturados da família omega-3, em
particular os ácidos eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA), os quais
se salienta a sua ação benéfica a nível cardiovascular e desenvolvimento fetal.
Todavia, se o valor nutricional do peixe é
indiscutível o mesmo já não se passa com o risco de exposição do consumidor a
substâncias poluentes que se podem acumular na parte edível. Os perigos
resultantes da presença destes compostos em ambiente aquático implica não só a
sua persistência e toxicidade mas também um grau considerável de concentração
na cadeia trófica, o que constitui um fator de risco para a saúde humana.
O modo de vida atual
envolve o ser humano num ambiente onde a presença de metais tóxicos, ou metais
pesados, é permanente e quase sempre invisível. A nossa contaminação torna-se,
pois, inevitável e generalizada. Denominam-se metais pesados aqueles metais que
não fazem parte da normal constituição do nosso organismo. Por isso, os nossos
sistemas metabólicos não sabem como lidar com eles, nem são capazes de os
excretar. Assim, os metais tóxicos passam a ser uma causa de perturbação
crónica e progressiva das funções metabólicas e celulares. A absorção de metais pesados em doses diminutas, mas repetidas, acaba
por se transformar numa intoxicação grave e mensurável.
Numa tentativa de se proteger dos seus múltiplos efeitos prejudiciais, o nosso organismo procura “arrumar” os metais pesados nas células ricas em gordura. Os órgãos mais ricos em gordura são o cérebro, a medula óssea e depois o fígado e os músculos. Compreende-se assim a associação que está estabelecida entre intoxicação por metais pesados e numerosas doenças, com relevo para a diminuição da capacidade cognitiva e doenças degenerativas.
Trabalho de estágio
Em termos do trabalho que me foi atribuído para desenvolver no período de
estágio decorrerido na ASAE, e de acordo com o que foi referido na publicação
referente às funções da minha área de formação, nomeadamente em Saúde
Ambiental, o meu trabalho incide especificamente sobre os perigos
associados ao consumo de pescado.
Uma das grandes preocupações a nível mundial está associada à
contaminação dos mares. Nesse âmbito, e porque grande parte do peixe que chega
à mesa dos consumidores portugueses é proveniente do mar, importa identificar
quais os perigos associados ao consumo do peixe proveniente desse local e
perceber que influencia tem a contaminação marítima a nível de contaminantes
(mais especificamente os metais pesados), entre outros perigos.
Assim, correlacionando estas duas áreas, saúde ambiental e segurança
alimentar dos consumidores, a parte prática do meu trabalho incidiu em duas das
etapas da metodologia da avaliação dos riscos, nomeadamente com a identificação dos perigos associados ao consumo
de pescado e respetiva caraterização desses mesmos perigos, através da compilação de todos os dados existentes relativamente às
amostras de pescado colhidas no âmbito do Plano Nacional
de Colheita de Amostras (PNCA), ou seja no âmbito do controlo oficial em pescado.
O trabalho desenvolvido nesse âmbito durante o período de estágio resultou na seguinte apresentação, onde divulgo os dados trabalhados.
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